CARTA A IGREJA DE ESMIRNA

09/12/2011 16:50

 

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CARTA A IGREJA DE ESMIRNA

A igreja perseguida

 

 

Por: Geisiel Santos

 

 

Apocalipse cap.2 vers. 8 ao 11

 

 

E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu:

 

Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.

 

10  Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.

 

11  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

A palavra Esmirna, siguinifica amargo, amargura, mais a origem da palavra vêm da mirra, que era um dos componentes que servia para embalsamar os mortos. A mirra era um perfume feito de uma planta. A extração do perfume da planta se dava a partir do esmagamento da mesma. O que combina plenamente com a forma como o perfume da igreja dessa cidade estava sendo extraído, debaixo de lutas e perseguições.

 

A cidade de Esmirna foi fundada em cerca de 3 a.C. por Alexandre Magno. A cidade era considerada o centro comercial da Ásia menor e se situava como ponto estratégico da rota direta de todo comércio que fluía entre Roma, Pérsia e Índia. Portanto, a cidade era considerada muito rica na época em que sua igreja é citada no livro de Apocalipse.

 

Historicamente falando, pouco se sabe sobre a Igreja de Esmirna, mas o que se sabe ao certo é que foi uma igreja que permaneceu fiel em meio à perseguição implacável dos imperadores romanos.

 

Apesar da riqueza do comércio daquela cidade, os cristãos estavam ficando cada vez mais pobres, uma vez que um morador da cidade declarava-se cristão, os seus antigos companheiros negavam-lhes o direito de compra e venda o que levava os cristãos a passarem por terríveis necessidades financeiras.

 

Por outro lado, as sinagogas judaicas haviam ganhado a legalização para o exercício da sua religião naquela cidade, o que tornava o cristianismo a única religião clandestina daquele lugar.

 

Se de um lado, tinha o império e a população matando cristãos e saqueando as suas casas, do outro lado tinha judeus negando tudo o que os cristãos pregavam durante as suas reuniões.

 

É justamente esse contexto, que dá a Esmirna o título que a batizou por todos os séculos: “ A  igreja perseguida”.

 

 

APRESENTAÇÃO

 

CAP.2

E AO ANJO DA IGREJA QUE ESTÁ EM ESMIRNA, ESCREVE: ISTO DIZ O PRIMEIRO E O ÚLTIMO, QUE FOI MORTO, E REVIVEU:

 

Estamos falando de uma igreja sofredora, perseguida e talvez, desesperançosa. Para uma igreja em tais situações, não poderia ser diferente, Jesus é aquele que venceu a morte, Ele está vivo, mesmo tendo passado por tribulações.

 

Observe a preocupação de Jesus, em não deixar aquela igreja desfalecer, é como se Ele estivesse falando: “Não temas, Eu venci”, era tudo o que aquela igreja precisava, depois de ver tantos dos seus irmãos morrerem por amor ao evangelho, eles só queriam o exemplo de alguém que venceu, para que pudessem continuar tendo a certeza de que valia apena estar com Jesus.

 

 

CONHEÇO A TUA TRIBULAÇÃO

 

CAP.2

conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de satanás.

 

Jesus conhecia o estado daquela igreja, Ele sabia da fidelidade daqueles irmãos, assim como de toda a tribulação que eles estavam passando, Jesus sabia ainda do estado de pobreza financeira em que aquele povo estava vivendo, conhecia as blasfêmias dos Judeus daquela cidade e afirma que não os considerava judeus, e sim, sinagoga de satanás devido as suas ações.

 

Romanos 8. 28 e 29: “Porque não é judeu aquele que é exteriormente, nem é circuncisão aquele que é exteriormente na carne. Mas é judeu aquele que é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito e não segundo a letra, cujo louvor não pertence aos homens, mas de Deus.”

 

 

MAS, ÉS RICO

 

 

Deus não mede as pessoas pelo que elas têm materialmente, ao contrário dos homens, Deus olhava para a igreja de Esmirna e via naquele lugar um grupo de pessoas ricas, não de dinheiro, ou de bens materiais, mas, o galardão daqueles crentes estava aumentando diariamente lá nos céus, nem eles mesmos podiam ter noção de tudo o que Deus estava preparando para eles na glória, mas, aquele que mora nas alturas, e que vê tudo, Esse podia afirmar sem nenhuma dúvida: “ apesar de vocês não saberem, vocês são muito ricos”.

 

 

AVISO

 

CAP.2

10(a)  Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias.

 

O aviso a essa igreja não é composto de uma repreensão, em uma igreja que está debaixo de perseguição é bem difícil a permanência de crentes descompromissados com Deus, não dá para fingir ser crente quando se corre risco de morte, e é por isso que essa igreja não toma nenhuma repreensão da parte do Senhor.

 

Tinha uma perseguição chegando, era o que Jesus estava dizendo, essa perseguição é simbolicamente representada por dez dias, seja qual fosse o tempo da tribulação, Jesus estava garantindo que ela teria um começo, mas também teria um fim.

 

Cristo não iria livrá-los da prova, não, Ele não iria livrá-los da perseguição e nem da morte, no versículo nove, está a explicação para tal atitude do nosso Senhor, Jesus estava tão feliz com o galardão que aquele povo tinha acumulado lá nos céus, que Ele preferia que eles fossem logo para lá, antes que chegassem a se corromper e perder o que já tinham ganhado diante de Deus( Salmos 116.15).

 

 

 

O GALARDÃO

 

 

CAP. 2

10(b)  Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.

 

11  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.

 

Sê fiel até a morte. Aquela igreja teria de estar preparada para isso, no entanto, isso não acabaria na morte, a promessa é de uma coroa de vida, não era uma coroa de ouro, prata, ou coisas semelhantes, é uma coroa de vida, é a garantia e vida eterna e consequentemente a garantia de que não seriam lançado no lago de fogo (segunda morte).

 

Deus não dá a ninguém aquilo que a pessoa não pode suportar, aquele povo passou por muitas provações, morreram muitos deles, mas não negaram o nome de Jesus, garantiram a sua coroa e foram guardados em Deus.

 

 

CONCLUSÃO

 

 

Diante de tudo o que acabamos de ler, será que nós temos feito alguma coisa por Jesus, será que temos nos dispostos para fazer a vontade do mestre, mesmo que isso nos cause percas? O sangue daqueles irmãos irá julgar muitos crentes da nossa geração, crentes que abandonam Jesus por causa da indiferença com outro irmão, porque a igreja fica a mais de uma quadra da sua casa, ou porque simplesmente não está gostando da igreja em que congrega. Quantos cristãos da nossa geração estão parados, não suporta nada pelo nome de Jesus e vivem causando problemas dentro da igreja de Deus. Tudo isso vai ser cobrado naquele grande dia, aprendamos com os nossos irmãos de Esmirna, e nos tornemos crentes de verdade fazendo sempre a vontade daquele que nos alistou para a guerra.

 

 

 

ESTUDO II

PONTO HISTÓRICO DA CARTA DE ESMIRNA

 

 

 

Essa carta representa o período que vai entre 100 d.C. a 312 d.C.. Esse foi o período de maior perseguição na história da igreja de Jesus Cristo na terra, poderíamos ilustrar os dez dias de provação citados na carta de diversas formas e ainda não falaríamos tudo o que esses primeiros irmãos passaram. Vejamos alguns exemplos:

  • Por 10 vezes neste período, os imperadores romanos decretaram livre perseguição a igreja, ou seja, qualquer pessoa poderia saquear os bens dos cristãos ou até matá-los se quisesse e estaria fazendo um bem a sociedade.
  •  
  • O imperador romano que mais perseguiu a igreja foi o imperador Diocleciano e ele exerceu o seu império por dez anos.
  •  
  • Dez, foi o número dos mais cruéis imperadores, desses, oito governaram entre 100 e 312 d.C. .

 

Nero

54-68 d.C.

Decapitou Paulo e crucificou Pedro

Domiciano

81-96 d.C

Exilou João na ilha de Patmos

Trajano

98-117 d.C.

 

Marco Aurélio

161-180 d.C.

 

Severo

193-211 d.C.

 

Maximino

235-238 d.C.

 

Décio

249-251 d.C.

 

Valeriano

253-260 d.C.

 

Aureliano

270-275 d.C.

 

Diocleciano

284-305 d.C.

 
 

 

 

Para que possamos ter uma pequena idéia de como foi o sofrimento dos nossos irmãos do segundo e terceiro século, vejamos alguns exemplos de fatos que aconteceram nesse período:

  • Nero, o primeiro dessa lista, tinha por diversão, o que ele chamava de "cristãos-tocha", ou seja, cristãos eram amarrados em mastros no jardim de seu palácio e os queimava vivos para agradar o público.
  •  
  • Outra forma de divertir os cidadãos romanos era convocá-los para irem ao anfiteatro  romano assistir centenas de cristãos sendo usados como alimento para os leões. Milhares dos nossos irmãos morreram estraçalhados por leões dentro da arena do Coliseu romano, isso era considerado uma grande diversão para os romanos daquela época.
  •  
  • Diocleciano foi considerado o maior opositor do cristianismo. Ele assinou um decreto para se eliminar as escrituras bíblicas da face da terra. Muitas cidades faziam cerimônias públicas para incineração das primeiras Bíblias
  •  
  • Alguns desses imperadores, ao invés de queimar escritos sagrados, optavam por queimar vivos os próprios cristãos em fogueiras.
  •  
  • Outros eram ainda mais sanguinários,  cobriam cristãos com peles de animais e os lançavam para os cães selvagens, que os devoravam até a morte.

Obviamente, nenhuma dessas estratégias do adversário serviu para destruir a igreja, pelo contrário, cada vez que um cristão era morto na arena do grande Coliseu, centenas de pessoas se convertiam nas arquibancadas movidas por uma única pergunta: O que esse Jesus tem de tão bom que as pessoas preferem morrer a negarem o seu nome?

 

Era debaixo de muito derramamento de sangue que a igreja ia sendo edificada, os cristãos reuniam-se em catacumbas para cultuarem a Deus, muitas vezes, quando encontrados, eram torturados até a morte, outras vezes levados para prisões subterrâneas no subsolo do palácio imperial onde eram abandonados para morrerem de fome, sede e na maioria das vezes, problemas respiratórios.

 

Vejamos alguns dos muitos instrumentos de tortura usados nessa época na tentativa de exterminação do cristianismo.

 

1 – touro de bronze

O touro de bronze foi o primeiro dispositivo inventado na Grécia Antiga.

Quando uma vítima era colocada dentro de bronze do touro, ela era queimada lentamente até a morte. Este dispositivo tornou-se gradualmente mais sofisticados até que os gregos inventaram um complexo sistema de tubos, a fim de fazer com que os gritos da vítima soassem como um boi enfurecido. Esta tortura é similar a ser cozido vivo.

 

2. Flaying (Esfola)

Os braços da vítima eram amarrados a um poste acima de sua cabeça, enquanto seus pés eram amarrados abaixo. Seu corpo ficava completamente exposto ao torturador, que com a ajuda de uma pequena faca, tirava a pele da vítima lentamente. Na maioria dos casos, em primeiro lugar era retirada a pele da face, e descendo, em seguida, até os pés da vítima. A maioria das vítimas morria antes de o torturador chegar até sua cintura.

 

Quebrando com a roda

Eles amarravam os membros do torturado no chão e colocavam a roda nas juntas, como joelhos e cotovelos. Então, rodavam a roda até tornar as juntas uma gelatina de ossos, carne e sangue. Mas esse não era o fim do pesadelo. Após isso, eles penduravam o corpo do condenado na vertical, até ser devorado por corvos e insetos ou morrer.

 

Outra forma de ultilizar a roda era amarrando o condenado completamente na lateral da roda e colocando uma cama de pregos no chão para que cortasse a vítima quando passasse por ali. Normalmente faziam isso até dilacerar completamente a pessoa que estava pendurada na roda.

 

A fogueira

A fogueira era bastante usada para matar cristãos, normalmente reunia centenas de pessoas para assistir com aplausos esse espetáculo.

 

 

Falta-nos espaço para continuar escrevendo sobre o tacho de óleo fervente, os leões e tigres que eram soltos para alimentar-se de cristãos, mortes a espadas, dentre tantas outras formas cruéis de tortura e morte. Que Deus traga a juízo cada gota de sangue derramado na arena daquele grande coliseu.

 

CONCLUSÃO

 

 

Diante dessa história tão sangrenta, eu fico a imaginar como é que Deus olha para essa nova geração de servos que Ele tem. Sim, é sobre nós que falo agora, desfrutamos de casas bonitas, carros (seja particular ou coletivo), igrejas elegantes, temos liberdade total  para adorarmos, mas, assim como em Éfeso, nos falta amor. Em nosso cotidiano, sempre estamos a escolher o dia em que queremos cultuar, ou o pregador que queremos ouvir, ou simplesmente deixamos de ir à igreja porque alguém nos olhou com semblante diferente, ou que tal porque “eu acho que minha cabeça vai doer daqui a uma hora”. Aqueles irmãos cultuavam em catacumbas, ao declarar-se cristãos tinham os seus bens confiscados, uma vez que fossem encontrados teriam as suas vidas covardemente tiradas por soldados, ou até mesmo por cidadãos comuns de Roma. Eles não paravam de adorar, muitos deles arriscavam-se ao ponto de tentar pregar para o próprio imperador, gritavam pelas ruas pedindo às pessoas que aceitassem a Jesus e mudassem os seus hábitos pagãos, eram mortos por isso, muitos tinham as sua língua arrancada para que não mais falassem do nome de Jesus. Eles não paravam de adorar.

 

Imagine você ir até o anfiteatro da cidade para assistir a morte do seu pastor, de repente você percebe que seu filho também está lá para morrer, sua mãe, seu pai, ou quem sabe você mesmo.

 

O imperador lhe diria: “ fulano de tal, diga apenas que não é um cristão e eu te soltarei, diga que essa prisão foi um engano e poderás voltar para casa.”

O que você responderia para ele, a sua direita teria leões, a esquerda soldados com a espada na mão, atrás de você, uma roda de estiramento. Qual seria a sua resposta?

 

Inácio respondeu: “Vós estais enganados ao chamar de deuses aquelas coisas a que adorais, eles são espíritos amaldiçoados.”

Policarpo respondeu: "Tenho-o servido durante oitenta e sete anos, e nunca Ele me fez mal. Como posso eu agora blasfemar contra o meu Rei e Salvador?"

 

Uma criança chamada Vitor, filho de um homem ilustre em Roma estava nessa situação, entregue pelo próprio pai. Ele respondeu: “Nunca consentirei em adorar demônios, ou pedras, ou peças de madeiras. Servirei sempre ao Deus vivo, que sempre mim protegerá.”

 

Será que estamos prontos para isso, estamos como em Éfeso, temos muita estrutura, mas poucos corações empenhados. Cuidemos para que Deus não permita sobre nós uma nova e grande perseguição, que já ameaça chegar, para que assim nos lembremos de sermos verdadeiramente, crentes fiéis.

 

 

 

Geisiel Santos

www.geisielsantos.com

 

  

 

 

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