CARTA A IGREJA DE PÉRGAMO

09/12/2011 17:12

 

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CARTA A IGREJA DE PÉRGAMO

Uma igreja negociadora

 

Por: Geisiel Santos

 

Apocalipse cap.2 vers. 12 ao 17

12  E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: isto diz Aquele que tem a espada aguda de dois fios:

13  Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.

14  Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem.

15  Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.

16  Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.

17  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.

 

INTRODUÇÃO

 

 

Pérgamo era a capital da Ásia até o final do século I. Era uma cidade entregue à adoração a vários ídolos gregos. Em vista disto, o governador romano local tinha grandes dificuldades em conduzir as inúmeras diferenças religiosas presentes nesta cidade.

 

Pérgamo ganhou a sua independência dos selêucidas em 190 a.C. e para isso contou com a ajuda dos romanos, no entanto, tal liberdade não duraria tanto tempo, já que, os próprios romanos a dominou em 133 a.C..

 

Foi na cidade de Pérgamo que pela primeira vez peles de animais foi usada para a confecção de pergaminhos, substituindo assim o material mais antigo que era o papiro.

 

A igreja de Pérgamo existiu realmente no século I, mas era contaminada com outros costumes não bíblicos.

 

Diante das perseguições que se levantaram contra todos os que não adorassem as divindades do imperador, e, ou, o próprio imperador, a igreja de Pérgamo passou a ceder e a participar de alguns desses rituais para não morrerem na perseguição. Isso para Deus foi considerado como prostituição espiritual.

 

E é por essa forma errada de preservar a vida da igreja, que Pérgamo ganha o título de:  “Igreja Negociadora” ou “ Igreja Tolerante”.

 

APRESENTAÇÃO

 

CAP. 2

12  E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: isto diz Aquele que tem a espada aguda de dois fios:

 

A espada é símbolo de autoridade e poder, e tratando de Cristo, a espada representa a Palavra. A igreja estava se corrompendo, os cristãos em Pérgamo, estavam cada vez mais, permitindo a entrada do pecado no meio da igreja. Somente o poder e a autoridade da genuína palavra de Deus, poderia trazer de volta a santidade para o meio daqueles irmãos.

 

Ainda nesta carta, no versículo 16, Cristo afirma que essa espada sai da sua boca, o que deixa ainda mais claro que Ele estava falando do poder da Sua própria palavra.

 

 

CONHEÇO AS TUAS OBRAS

 

CAP.2

13  Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.

 

O Senhor conhecia as obras daquela igreja e sabia que nenhum deles havia se desviado do evangelho. Neste versículo é citado ainda sobre a morte de Antipas, que Jesus o chama de “Minha fiel testemunha”, e da a entender que ele (Antipas), havia sido vítima da perseguição.

 

 

ONDE ESTÁ O TRONO DE SATANÁS

 

 

CAP.2 VERS. 13

A igreja de Pérgamo, era literalmente vizinha de Satanás, desde 29 a.C., era ali, o lugar onde estava construído o templo dedicado a César Augustos e a Roma. Todas as cidades do império romano se dirigiam para Pérgamo para oferecer sacrifícios ao imperador e reverenciá-lo como um deus vivo na terra.

 

Ainda em Pérgamo, era comum, as pessoas prestarem adoração a falsos deuses como: Zeus, Antena, Dionísio e Asclépio. Havia ali uma verdadeira mistura do mal e os povos iam ali para se embriagarem do vinho da prostituição espiritual.

 

TENHO, PORÉM, CONTRA TI

 

CAP.2

14  Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem.

15  Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.

 

Apesar de ser uma igreja que havia perseverado em meio a tempos de perseguições, havia também em Pérgamo alguns defeitos que estavam desagradando ao Senhor, e, uma vez que o Senhor conhecia a sua igreja, não deixaria jamais de exortar o seu povo e chamá-los a um concerto para com Deus.

 

Pelo menos dois problemas são citados aqui:

 

1º - A DOUTRINA DE BALAÃO – Balaão foi um personagem do Antigo Testamento (Números 22) que aparece no começo de sua história como um profeta que falava com Deus, e Deus o respondia. No entanto, depois de receber três tentadoras ofertas de Balaque (rei dos moabitas), Balaão tentou profetizar contra o povo de Israel. Deus, por sua vez, transformou as maldições em bênçãos.

 

Uma vez que a ação profética não deu certo, Balaão ensinou a Balaque como fazer o povo de Israel pecar contra Deus e assim afastar a presença de Deus do meio dos israelitas.

 

Tudo o que Balaão fez, foi por causa do prêmio que Balaque tinha lhe oferecido, e agora, a igreja de Pérgamo estava se vendendo em troca de prêmios humanos assim como fez Balaão.

 

2º - OS QUE SEGUEM OS NIOLAÍTAS – Os nicolaítas são também citados na carta a igreja de Éfeso. Como já foi estudado na primeira carta, a palavra nicolaítas é uma junção de duas palavras gregas, NIKO, que quer dizer: conquistar ou subjugar, e LAOs, que quer dizer: povos ou leigos.

 

Logo não estamos falando de um seguimento religioso e sim de um adjetivo dado àqueles que se aproveitavam da falta de conhecimento nas escrituras de alguns dos irmãos, para pregar-lhes falsas doutrinas e levá-los para longe de Deus.

 

O AVISO

 

CAP.2

16  Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.

 

Aquela igreja deveria arrepender-se o mais rápido possível, quando não, brevemente o Senhor viria ao encontro deles e batalharia com eles usando o poder da palavra do próprio Deus. Jesus os julgaria e, consequentemente, os venceria, com a mensagem do genuíno evangelho. Mensagem que já não era mais pregada na igreja de Pérgamo.

 

RECOMPENSA AOS FIÉIS

 

CAP.2

17  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.

 

Dois galardões são prometidos aqui:

 

1º - UM MANÁ ESCONDIDO – Jesus é o pão da vida. Aquela igreja já não se alimentava mais de forma saudável, espiritualmente falando, mas, aos vencedores, o Senhor daria a comer do pão do céu que é o alimento que sustenta para sempre.

 

2º - UMA PEDRINHA COM UM NOVO NOME – Nos tempos antigos a entrega de uma pedrinha branca foi usada com vários siguinificados conforme o costume de cada época e lugar. Vejamos alguns exemplos:

  • Era jogada no chão quando um jurado absolvia o réu em um julgamento;

Jesus absorve-nos dos nossos pecados.

 

  • Foi dada a escravos libertados como símbolo de cidadania;

Os salvos não são mais escravos do pecado, e são agora, cidadãos do céu.

 

  • Os romanos usaram como ingressos em alguns eventos;

Cristo permitirá a sua igreja entrar para a morada celestial.

 

  • Foram dados a vencedores de corridas e aos vitoriosos em batalhas;

Os fiéis receberão o galardão de acordo as suas obras.

 

REFLEXÃO

 

Por mais que servir a Jesus nos cause alguma dor, não compensa negociar a nossa fé. A salvação é melhor do que qualquer bem estar nessa vida atual. Afinal, de que adiantaria ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mateus 16.26)

Lembre-se sempre: É melhor ficar com Jesus.

 

 

ESTUDO II

 

PONTO HISTÓRICO DA CARTA DE PÉRGAMO

 

 

A carta de Pérgamo corresponde ao período que vai de 312 d.C. a 606 d.C.. Depois de tentar sem sucesso exterminar a igreja durante uma perseguição de 249 anos (ver: carta a igreja de Esmirna), Satanás adotou outra estratégia de guerra, a infiltração para contaminação do povo de Deus.

 

Durante o período de perseguição, a igreja cresceu assustadoramente, aja visto, que cada vez que um cristão morria na arena do Coliseu romano, centenas de pessoas convertiam-se ao Senhor impactados pelo fato dos cristãos preferirem morrer que negar o nome de Jesus. A curiosidade atraia as massas para Cristo e isso foi uma grande derrota para o adversário.

 

Diante disso, o inimigo resolveu infiltrar-se no meio do povo de Deus e disfarçadamente, afastá-los dos caminhos do Senhor.

 

O imperador da época era Constantino, e ele declarou-se defensor e patrocinador do cristianismo ainda no início do seu mandato imperial. Constantino encheu a igreja de bens materiais e transformou muitos templos pagãos em igrejas cristãs tornando o cristianismo a religião oficial do estado de Roma.

 

Diante de tantos presentes financeiros, e uma possível proteção imperial a favor dos cristãos, a igreja se viu na obrigação de retribuir tais favores ao imperador de alguma forma. Com isto, a Igreja Cristã passava a ser contaminada e perdia ali, a sua autenticidade diante de Deus. Romanos e gregos eram politeístas e cultuavam aos mesmos deuses. Somente com nomes diferenciados. Esta cultura politeísta, por causa do agrado ao imperador, invadiu a Igreja, e os deuses romanos e gregos passaram a ser cultuados em forma de santos e anjos - doutrinas não Bíblica. Introduzem-se então vários costumes pagãos na Igreja neste período, entre eles:

 

300 d.C.

Oração pelos mortos

375 d.C.

Adoração a santos e anjos

416 d.C.

Batismo infantil

431 d.C.

Adoração a Maria

500 d.C

Os sacerdotes passam a se vestir diferentemente do resto do povo

526 d.C.

Extrema unção

593 d.C.

Instituída a doutrina do purgatório

600 d.C.

Os cultos só podem ser realizados em latim, para que o povo não entenda a palavra que está sendo pregada

 

Tais fatos históricos, baseados em documentos de pesquisa, revelam a estratégia de Satanás ao longo da história da Igreja, que sempre foi exterminar o Cristianismo - obviamente que ele não conseguiu tal intento.

 

Com todo esse apoio do imperador, a igreja começa a enriquecer-se rapidamente e isso tornou do evangelho um meio de vida. Os pobres vinham para a igreja para ganhar casas e bens do imperador, os ricos, por sua vez, vinham para a igreja para ganharem cargos importantes no império. A igreja crescia em número a cada dia, mas não em qualidade, nenhum dos novos convertidos estava interessado em Deus ou na sua Palavra, antes estavam ali simplesmente por interesses pessoais e principalmente financeiros.

 

É nesse ponto da história, que a origem da igreja em Jerusalém é esquecida e a igreja passa a ser chamada de igreja romana.

 

Sob a alegação de que a igreja de Roma era superior às demais igreja do império pelo fato de, segundo eles, ter sido fundada por dois apóstolos (Pedro e Paulo), Roma assumiu definitivamente o posto de igreja principal no ano 451 d.C.,. Começava ali a sobreposição do bispo de Roma sobre os demais, o que mais tarde resultaria no que hoje é conhecido como “Poder Papal”.

 

Como se não bastasse toda a corrupção em que a igreja já estava envolvida, o imperador, com o consentimento da igreja, passou a perseguir e matar todos aqueles que não fizessem parte da religião do império, ou, que não concordasse com alguma das atitudes tanto dos bispos, como do próprio imperador.

 

Constantino fez cessar a perseguição aos cristãos em todo o império e gradualmente foi enchendo a igreja de favores. No entanto, o imperador logo percebeu que nem todos os bispos o apoiava na sua tentativa de liderar a igreja. Percebera ainda a importância de ser apoiado pela hierarquia de uma religião tão poderosa. Mas, para isto, precisava que essa hierarquia fosse unânime em sua fidelidade ao Estado. Assim, embora pagão, presidiu concílios da Igreja e obrigou-a a unificar-se.

 

Devido a essa atitude foi prontamente contrariado pelos anabatistas (pessoas que não concordavam com as práticas católicas e voltava-se para a Bíblia como única fonte confiável sobre Deus). Indignado, e aliando-se aos cristãos errados, baniu e perseguiu os fiéis que não concordaram com sua unificação das igrejas.

Começaram as terríveis perseguições das seitas cristãs oficiais - protegidas pelo imperador - contra as não oficiais, os anabatistas, que se mantiveram independentes do governo.

 

Pela primeira vez na história, a partir do ano 313, encontramos a página mais triste da história das igrejas.

Encontramos cristãos errados perseguindo os cristãos fiéis. Esta perseguição, além de visar o extermínio dos anabatistas, também foi a mais longa. Durou mais de mil e trezentos anos, vindo a terminar após a Reforma no século XVII.

 

Durante esta perseguição os fiéis que não concordavam com os costumes do imperador (Os Anabatistas), eram chamados de hereges, e muitos bispos foram mortos ou exilados de seus países pela própria igreja. A perseguição já não vinha mais de fora, afinal, o poder das trevas agora estava dentro da igreja, isso era tão notável que ao invés dos ímpios perseguirem e matarem cristãos, eram os cristãos quem perseguia e matava os descrentes, ou,quando não, os próprios irmãos.

 

CONCLUSÃO

 

Como diz o subtítulo deste estudo, Pérgamo foi uma igreja negociadora, negociou sua fé para escapar das perseguições, vendeu a sua santidade e, como pagamento, recebeu a impureza e o paganismo do império.

 

Como bons cristãos em Cristo Jesus, devemos vigiar para não vendermos também a nossa santidade para com Deus. O mesmo inimigo que antes atacava de fora para dentro da igreja, agora está infiltrado dentro dela. A vaidade, a contenda, a divisão, a perseguição aos próprios irmãos, são coisas que têm acontecido em nosso meio e vem aumentando a cada dia. Quem nunca ouviu uma mensagem, ou um louvor que lhe dizia que aqueles que não concordam contigo são seus inimigos? Vigiemos, pois, para não nos iludirmos com essas falsas mensagens e travarmos batalhas com aqueles por quem deveríamos estar orando.

 

EFÉSIOS 6:

10  No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.

11  Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.

12  Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

 

QUE DEUS TE ABENÇOE

 

Geisiel Santos

www.geisielsantos.com

 

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